“Brasília tem muitos médicos, mas eles não estão na saúde pública”, diz presidente do SindMédico-DF

Sara Winchester
Sara Winchester
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“Brasília tem o maior contingente de médicos do país, porém, eles não estão na saúde pública.” A afirmação é do presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho. O representante da instituição concedeu entrevista ao Metrópoles, nesta quarta-feira (10/5).

O médico defendeu que a reestruturação de hospitais e a criação de políticas que favoreçam a permanência dos profissionais da saúde na área é necessária para mudar a realidade da capital federal.

“Há um déficit de 3 mil médicos na saúde pública do Distrito Federal, e não são apenas anestesistas. Nos hospitais, faltam pediatras, ginecologistas, clínicos-gerais, endocrinologistas, psiquiatras. Apesar de Brasília ter o maior contingente de médicos do país, não há condições favoráveis nem segurança. Se o GDF [Governo do Distrito Federal] quiser contratar, tem condição. Basta reformular o plano de contratação para um atrativo e garantir um ambiente em que o médico possa exercer o trabalho”, declarou Gutemberg.

Para o líder da entidade sindical, além de construir hospitais, é preciso solucionar gargalos internos. “Não apenas para nós, mas para a população. Precisamos aumentar o numero de leitos, resolver problemas de abastecimento e trabalhar com políticas diárias e constantes, não apenas durante campanhas específicas”, pontuou.

Anestesistas

A afirmativa do presidente do SindMédico-DF foi dada um dia após a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, declarar que o DF corre risco de ficar sem anestesista na rede pública: “Temos uma quantidade de mão de obra com previsão de estar atuando. Daqui 4 ou 5 anos, esses anestesistas estarão completando 30 anos de serviço e vão se aposentar. E não conseguimos contratar novos. Vai chegar uma hora que vai faltar anestesista, inclusive nas emergências”.

Segundo a chefe da pasta local, a falta desses profissionais é um dos motivos do aumento da fila de espera por cirurgias eletivas na capital do país. “Tenho cirurgião, tenho toda a equipe, mas não tenho anestesista. Porque só consigo trabalhar com três por escala, sendo que um fica com as demandas de emergência, outro oncologia e só sobra um para atender quem está na fila”, pontua.

Modo de contratação

Assim como Fialho, Lucilene também defende que é necessário mudar o modo de contratação desses profissionais. “O DF já fez concurso e não logrou êxito. Estou em conversa com o Ministério Público do DF (MPDFT), com o Tribunal de Contas (TCDF) e com o Controle Social a fim de construirmos um caminho para resolver o déficit”.

“São poucos no Brasil, e eles estão organizados em cooperativas. Aqui no DF nós não temos essa modalidade de contratação. Precisamos de uma concordância entre os órgãos. Que o MP reconheça nosso completo esgotamento de mão de obra de anestesistas. Que o TCDF entenda que já fizemos tudo que poderíamos para contratarmos. E que o Controle Social entendendo que, para anestesista, precisamos ter outro modelo de contratação”, explica Lucilene.

Ela afirmou que não há garantia ou data para a mudança na forma de contratação, mas ressaltou que “insiste” na pauta.

Perfil
Gutemberg Fialho é médico e presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF). Paraibano, mudou-se para a capital Federal em 1988, após se formar na Universidade Federal da Paraíba.

No Distrito Federal, trabalhou como médico do trabalho nos Correios, na extinta Telebrasília e uma série de empresas do DF. Servidor público concursado, já atuou no Hospital Regional de Ceilândia, no Hospital Regional da Asa Sul e como médico perito na Secretaria de Economia do DF.

Com vasto currículo, Fialho já foi conselheiro do Conselheiro Regional de Medicina do Distrito Federal representando a Associação Médica de Brasília (AMBr) no período de 2009 a 2014 e, além de presidir o SindMédico, também comanda a Federação Nacional dos Médicos (2019 a 2023).

riador do Instituto Brasiliense de Perícias Médicas (IBPM), Gutemberg foi sócio fundador do Instituto Brasileiro de Direito Médico e Bio-Direito (IBDM) e do Movimento Saúde Agora.

Atualmente, além da dedicação à atividade sindical, mantém uma clínica em Taguatinga e ministra palestras em Brasília e outras cidades – com especial enfoque às questões vinculadas à judicialização da saúde.

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