O que você não sabe sobre o uso da air fryer em altas temperaturas pode estar afetando sua saúde

Boris Kolesnikov
Boris Kolesnikov
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Nos últimos anos, a air fryer se tornou um dos eletrodomésticos mais populares nas cozinhas brasileiras. Com a promessa de preparar alimentos crocantes e saborosos sem a necessidade de óleo, ela conquistou um público que busca uma alimentação mais saudável e prática. No entanto, o que muitas pessoas ainda não sabem é que o uso da air fryer em temperaturas elevadas pode representar riscos à saúde que passam despercebidos no dia a dia. A aparência saudável pode esconder efeitos que, a longo prazo, são prejudiciais ao organismo.

O grande atrativo da air fryer é a capacidade de preparar alimentos de maneira mais “light”, mas o uso contínuo em temperaturas altas pode gerar compostos potencialmente tóxicos. Quando os alimentos, especialmente os ricos em amido, são submetidos a temperaturas superiores a 180 graus, ocorre a formação de substâncias como a acrilamida. Esse composto está relacionado a processos inflamatórios e, segundo diversos estudos, pode ter potencial cancerígeno. O problema não está no aparelho em si, mas na forma como ele é utilizado em rotinas que exigem rapidez e praticidade.

Muitas pessoas utilizam a air fryer diariamente para preparar desde batatas até carnes e empanados, sem perceber que a repetição de certos hábitos pode intensificar os riscos. A crocância tão desejada, quando obtida por meio de temperaturas extremas, tem um custo que nem sempre é evidente. É importante lembrar que alimentos muito tostados, com aparência queimada, são sinal de que passaram por reações químicas que podem ser prejudiciais. Isso vale tanto para produtos industrializados quanto para receitas caseiras.

Outro ponto que merece atenção é a frequência de uso combinada com o tipo de alimento. Alimentos congelados, por exemplo, já passam por um processo industrial que os torna mais propensos à formação de compostos nocivos quando submetidos novamente a calor intenso. Quando a rotina inclui frituras diárias na air fryer, mesmo que sem óleo, o corpo é constantemente exposto a agentes inflamatórios. Isso pode sobrecarregar o fígado e aumentar o risco de doenças crônicas a longo prazo, como hipertensão e problemas cardiovasculares.

Há também uma falsa sensação de segurança promovida pelo uso da air fryer. Como ela não exige óleo, muitos acreditam que qualquer preparo feito no aparelho é automaticamente saudável. Essa crença leva ao consumo excessivo de alimentos com baixo valor nutricional, mascarados por uma preparação “fitness”. O perigo está em transformar um equipamento prático em um facilitador de maus hábitos alimentares, incentivando escolhas repetitivas e sem variedade nutricional adequada.

A temperatura é um fator crítico que deve ser observado com mais atenção. Cozinhar em temperaturas mais baixas por mais tempo pode ser uma alternativa para evitar a formação de substâncias tóxicas. Além disso, variar os tipos de preparo e dar preferência a vegetais frescos e alimentos minimamente processados pode reduzir significativamente os impactos negativos. A combinação entre praticidade e consciência é essencial para tirar o melhor proveito da tecnologia sem abrir mão da saúde.

Adotar medidas simples como pré-aquecer a air fryer com moderação, evitar que os alimentos toquem diretamente nas grades metálicas, e preferir o uso de papel manteiga ou silicone para evitar resíduos queimados, pode fazer uma grande diferença. A limpeza regular do aparelho também impede que restos carbonizados passem de uma receita para outra, reduzindo ainda mais a exposição a substâncias indesejadas. Esses cuidados tornam o uso da air fryer mais seguro e equilibrado.

Embora a air fryer continue sendo uma ferramenta útil e eficiente na cozinha, é fundamental repensar a maneira como ela é utilizada. A busca por uma alimentação prática não pode ignorar os riscos associados a altas temperaturas e à repetição de hábitos prejudiciais. Estar atento aos sinais que os alimentos e o corpo dão é o primeiro passo para uma relação mais consciente com o que comemos. Afinal, cuidar da saúde vai muito além de eliminar o óleo: envolve escolhas diárias mais inteligentes.

Autor : Boris Kolesnikov

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