Novas modalidades criminais se valem da quarentena para enganar vítimas

Sara Winchester
Sara Winchester
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Assim como deixou marcas na economia de uma centena de países, os efeitos do coronavírus também afetaram o mundo dos negócios ilegais. Mas como cartéis, máfias e gangues não funcionam como empresas que focam em um setor de atividade, já foram encontradas novas formas de faturar. Autoridades do mundo todo relatam redução de atividades ligadas a narcotráfico e contrabando, mas alertam para o aumento de delitos de “home office”, como fraudes de cartão de crédito, golpes online e pedofilia.

Um desses tipo crimes, que ocorre especificamente no Brasil, os golpistas se aproveitaram, veja lá, do aumento de popularidade das lives de cantores sertanejos. É comum que o artista se valha da audiência que possui para arrecadar doações que serão destinadas às famílias que passam por dificuldades durante a crise sanitária. Para recolher os donativos, coloca-se na tela da transmissão um QR Code que facilita as transações de dinheiro. No entanto, os criminosos passaram a fazer uma especie de “gatonet de lives” e vêm tentando roubar dinheiro de fãs. Desde a primeira grande live do tipo, feita pelo cantor Gusttavo Lima, no dia 28 de março de 2020, começaram a aparecer transmissão que reproduziam o sinal ao vivo da live oficial.

Em um primeiro momento, esses canais fakes só roubavam audiência dos artistas, mas, nas lives entre 8 e 12 de abril, surgiram os QR Codes falsos, sobrepondo os originais para desviar as doações. Ainda sem uma aparente solução para o golpe, o YouTube têm trabalhado com artistas e gravadoras para dar agilidade a denúncias relacionadas a retransmissões não autorizadas.

Na Europa, uma modalidade ainda mais invasiva de crime foi notificada pela Interpol e Europol: criminosos vem se passando por profissionais da área de saúde e realizam contato por telefone ou email onde solicitam o pagamento por tratamento dado a um amigo ou a um parente contaminado podendo ludibriar as vítimas a fornecer dados pessoais ou de cartão de crédito. Já os oportunistas “porta-a-porta” oferecem a venda de serviços de descontaminação doméstica, materiais de limpeza e filtros de ar especiais para Covid-19 além de kits para testes a doença sem nenhuma eficácia.

No Brasil, na mesma linha de crime, já foi verificada a venda de álcool gel falsificado, notadamente por vendedores ambulantes, cujo público alvo é, em regra, formado por pessoas de baixa renda, moradores de áreas de grande densidade demográfica, fatores que podem impactar sobremaneira no número total de infectados no país. 

Há também golpes que circulam no WhatsApp há pelo menos dez dias e já atingiram 2 milhões de usuários no Brasil, segundo dados do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe. Os boatos utilizam nomes de grandes marcas e prometem informações sobre a pandemia da Covid-19, distribuição de álcool em gel, serviços de assinatura grátis ou “auxílio cidadão coronavírus”.

Cerca de 42,5 milhões de brasileiros já receberam ou acessaram notícias links falsos que valem de informações para a pandemia, no entanto, a prática não parece que irá cessar tão logo. Para se proteger, o laboratório especializado em segurança digital da PSafe indica aos usuários alguns métodos para evitar ataques pelo WhatsApp. É preciso desconfiar de mensagens sensacionalistas ou que oferecem brindes, além de buscar fontes oficiais, como o Ministério da Saúde, e jornais e sites confiáveis que possam confirmar se uma empresa realmente esta ofertando tal anúncio. 

 

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