Laboratório brasileiro cria análise de suscetibilidade genética à Covid-19

Sara Winchester
Sara Winchester
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Com a intenção de ajudar a diminuir o mistério sobre as causas que levam algumas pessoas a não serem infectadas pelo novo coronavírus, o laboratório Genera, o primeiro no Brasil que realiza testes domésticos de ancestralidade por meio do DNA, incluiu no painel virtual onde os clientes verificam seus indicadores genéticos um marcador para suscetibilidade de uma pessoa ao coronavírus.

O novo recurso tomou como base um estudo com 154 pacientes chineses que demonstrou que a carga viral no início da infecção está relacionada à taxa de sobrevivência dos infectados e pode ser influenciada por variações em genes relacionados à imunidade inata, além de outros fatores como o sexo, a idade e o estilo de vida do indivíduo e a presença de doenças crônicas, que também podem influenciar a evolução clínica do paciente.

O painel irá fornecer características como predisposição para maior ou menor carga viral do Sars-CoV-1, que tem 80% similaridade com o novo coronavírus, de acordo com cada genótipo, assim como maior ou menor suscetibilidade à infecção e maior ou menor nível de proteção contra esta família de vírus. Os dados serão disponibilizados para todas as pessoas que já realizaram o teste de ancestralidade da Genera mediante aprovação de cada um, assim como todos os que realizarem o teste a partir de agora. As informações serão fornecidas sem nenhum custo adicional, nos testes que variam no preço entre 199 reais, para a análise mais básica, até 799 reais, na versão mais completa.

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“Nosso intuito com o painel não é dar nenhum diagnóstico, mas sim fazer com que cada um entenda um pouco mais de como funciona esse processo de infecção pelo vírus. Um indivíduo pode ser menos suscetível a uma manifestação mais grave dos sintomas, mas continua sendo um agente transmissor no caso de contrair o vírus”, afirma o médico Ricardo di Lazzaro Filho, sócio-fundador da Genera.

O Genera não é o primeiro a oferecer esse tipo de serviço. As americanas 23andMe e Ancestry, que operam uma rede de registros genealógicos, também estão tentando entender o vírus por meio do DNA. Em uma pesquisa feita com dados de 750 mil clientes da 23andMe, foi possível aferir que o sangue tipo O é o menos suscetível ao coronavírus nos Estados Unidos. Em uma análise feita com genes de mais de 1.600 infectados na Itália e na Espanha que sofreram insuficiência respiratória, o resultado mostrou que o sangue tipo A estava associado a um aumento de 50% das chances de um paciente precisar da ajuda de um respirador. Eis um exemplo de como a genética consegue aprofundar o entendimento sobre uma doença pouco conhecida com é a causada pelo novo coronavírus.

Ressalta-se, no entanto, que idade, condições de saúde e exposição são fatores determinantes confirmados, mas que isoladamente não explicam a diversidade de sintomas – ou falta deles – e por que algumas pessoas são infectadas e outras não. Portanto, o estudo da genética pode ajudar a identificar e proteger quem corre maiores riscos, além de acelerar o desenvolvimento de prevenções e tratamentos.

 

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