A ficção virou realidade: a cabine portátil para a projeção de hologramas

Sara Winchester
Sara Winchester
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A cena é uma das mais marcantes do primeiro filme da saga Star Wars, de 1977, depois batizado de Episódio IV: Uma Nova Esperança. Luke Skywalker está limpando o robô R2-D2 e acidentalmente descobre o holograma da princesa Leia, que clama por ajuda. Pela primeira vez a técnica de projeção de imagens tridimensionais, criada pelo húngaro Dennis Gabor, era apresentada ao grande público, o que ajudou o longa a conquistar uma legião de fãs. A inovação demorou para emplacar. Em 2012, o cantor americano Snoop Dogg dividiu o palco de um festival com o rapper Tupac, morto em 1996 — ele estava presente na forma de um holograma. Em 2019, a Microsoft lançou um holograma tradutor, que converte o inglês para qualquer outro idioma. As iniciativas, porém, estavam restritas às grandes apresentações musicais ou a projetos corporativos, mantendo-se inacessíveis a pessoas comuns. Agora isso está prestes a mudar.

Há alguns dias, a empresa americana Portl apresentou uma cabine que permite a projeção de hologramas em tamanho real para todos os lugares. A invenção é revolucionária: trata-se da primeira máquina portátil capaz de “teletransportar” pessoas de carne e osso. Graças à tal cabine, a imagem do indivíduo pode ser projetada a milhares de quilômetros de distância, desde que o receptor tenha acesso a alguma fonte de energia e conexão de internet. “Estamos cumprindo uma promessa de longa data”, disse a VEJA David Nussbaum, CEO da Portl e inventor do equipamento. “A ideia dos hologramas é antiga: apresentamos essa tecnologia desde Star Wars e De Volta para o Futuro. Agora, finalmente podemos abrir as portas de um novo mundo para o consumidor.”

SONHO ANTIGO - Luke Skywalker e a princesa Leia: a tecnologia encantou fãs, mas demorou para emplacar –./Reprodução

O mundo novo custará caro. Segundo Nussbaum, a cabine será vendida inicialmente por 60 000 dólares — cerca de 325 000 reais —, mas a ideia é lançar no ano que vem máquinas mais acessíveis. A tecnologia permite várias aplicações. Ela pode tornar reuniões de trabalho mais dinâmicas, mesmo com profissionais posicionados em cidades diferentes, ampliar o alcance de comícios políticos (o candidato fala de Washington mas sua imagem, digamos, aparece em Los Angeles) e abrir novos horizontes para palestrantes, sem a necessidade de que estejam presentes fisicamente no auditório. Sem contar, claro, as possibilidades abertas para o ensino a distância e a telemedicina, que ganharam novo impulso na crise do coronavírus. Nussbaum também prevê que, em breve, celebridades irão até a casa dos fãs usando a técnica da holografia. Star Wars, enfim, chegou à vida real.

Publicado em VEJA de 26 de agosto de 2020, edição nº 2701

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