Covid-19: estudo liga doença a risco maior de coágulo, trombose e embolia

Sara Winchester
Sara Winchester
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Uma pessoa que teve covid-19 tem maior risco de desenvolver um coágulo sanguíneo grave dentro de seis meses após ter a doença.

Essa é uma das principais conclusões de um estudo recente realizado na Suécia e publicado na revista especializada British Medical Journal (BMJ).

A pesquisa também descobriu que pessoas com covid grave, especialmente aquelas que tiveram que ser hospitalizadas, e as infectadas durante a primeira onda tiveram maior risco de coágulos.

O estudo não afirma que a covid-19 foi a causa direta, mas identifica a infecção como fator de risco para o desenvolvimento de coágulos sanguíneos dentro de um vaso sanguíneo.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores acompanharam o estado de saúde de mais de um milhão de pessoas que testaram positivo para covid entre fevereiro de 2020 e maio de 2021 na Suécia e as compararam com quatro milhões de pessoas da mesma idade e sexo.

De acordo com os autores da pesquisa, suas descobertas destacam a importância da vacinação.

As evidências
O estudo sugere que, após uma infecção por covid-19, existe um risco maior de se desenvolver:

Comparando os riscos de coágulos sanguíneos após a covid-19 com o nível normal de risco, os cientistas dizem que:

O estudo argumenta que o aumento do risco de coágulos sanguíneos foi maior na primeira onda da pandemia, provavelmente porque os tratamentos melhoraram nos meses seguintes e os pacientes mais velhos começaram a ser vacinados na segunda onda.

Esse resultado era “esperado”, segundo Inmaculada Roldán Rabadán, cardiologista do Grupo de Trombose Cardiovascular da Sociedade Espanhola de Cardiologia, em declarações ao portal Science Media Center Spain.

“Tínhamos menos ferramentas para gerenciar a doença [na época]”, explica ela.
O risco de coágulo sanguíneo no pulmão em pessoas gravemente doentes com covid mostrou ser 290 vezes maior que o normal e sete vezes maior que o normal após covid leve.

Casos leves de covid não aumentaram o risco de hemorragia interna.

‘Bom motivo para se vacinar’
Coágulos sanguíneos também podem ocorrer mesmo após a vacinação, mas o risco é muito menor, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford em agosto de 2021.

“Para pessoas não vacinadas, esse é um bom motivo para se vacinar: o risco [das doenças] é muito maior do que o risco das vacinas”, diz Anne-Marie Fors Connolly, pesquisadora do Departamento de Microbiologia Clínica da Universidade de Umea, na Suécia, e principal autora do estudo.

Frederick K Ho, professor de saúde pública da Universidade de Glasgow que não esteve envolvido no estudo, argumenta que, embora o risco de coágulos sanguíneos aumente após a vacinação, “a magnitude do risco permanece menor e persiste por um período mais curto do que associada à infecção.

Covid e coágulos
O estudo não prova que a covid seja a causa dos coágulos sanguíneos.

Com este tipo de estudo “só podemos determinar se existe uma associação entre a covid-19 e coágulos sanguíneos ou hemorragias”, disse Fors Connolly à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

A especialista acrescenta que, para estabelecer uma relação causal, seriam necessários outros tipos de estudos.

“Os dados são claros ao mostrar que há uma associação (entre covid-19 e coágulos), mas o que não está totalmente claro é como essa associação funciona”, disse à BBC News Mundo Jon Gibbins, diretor do Cardiovascular Research Institute, da Universidade de Reading, que não esteve envolvido na pesquisa.

“Mais esforços são necessários para determinar se isso se deve a uma condição inflamatória de longa duração ou a alguma forma de disfunção imunológica de longa duração”, acrescenta Gibbins.
Ainda assim, os pesquisadores acreditam que os coágulos podem ser causados ​​pelo efeito direto do vírus na camada de células que revestem os vasos sanguíneos, uma resposta inflamatória exagerada ao vírus ou o corpo formando coágulos sanguíneos em momentos inadequados.

Frederick K Ho diz que este estudo “nos lembra da necessidade de permanecermos vigilantes quanto a complicações associadas a infecções por covid, mesmo leves, incluindo tromboembolismo”.

Por sua parte, Roldán Rabadán conclui que esta pesquisa “é altamente relevante para o manejo da doença no futuro”.

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